Natal na Islândia: tradição e dicas de organização

by Juliana Cândido Custodio

Natal chegando e e nada melhor do que falar sobre um dos lugares mais natalinos, no meu ponto de vista. Que aqui no Brasil estamos acostumados ao sol, praia e calor nesta época do ano, isso é certo! Mas na lenda natalina o Natal é bem conhecido, celebrado e lembrado na Escandinávia: terra do Papai Noel.

Rovaniemi, Lapônia, na frente da casa do bom velhinho

Para ser mais preciso, a terra do bom velhinho é na Finlândia, Lapônia, que também faz parte desse extremo norte. A Escandinávia, composta por Dinamarca, Suécia, Noruega, Finlândia, Ilhas Feroe e Islândia tem todo o charme proporcionado pela neve nessa época do ano. E coloca neve nisso. Tive a oportunidade de passar o Natal do ano passado por lá, mais exatamente em Reykjavik, na Islândia, e neve é pouco. Fica difícil até para andar. É necessário sapatos especiais, para não escorregar, para aguentar a friaca e alé disso, para não passar a umidade para dentro, sem falar das roupas.

Mas, não estamos aqui para falar de turismo e sim de restaurantes. Noite de Natal. Para muitos turistas, noite de Natal é comer fora, tanto na ceia quanto no almoço, em um local bem especial. Mas por falar nisso, será que todos os lugares abrem nesses locais por ser tão natalino? A resposta é não. A grande maioria é fechada e os poucos que abrem, principalmente para a ceia de Natal, são apenas acessíveis sob reserva. E é claro que nesta época e em um lugar como esse é quase que impossível conseguir esse feito em cima da hora. Ai começa minha peregrinação por restaurantes abertos e sem reservas.

Após não ter conseguido entrar na missa da Catedral, Hallgrímskirkja (seu nome em islandês), pois há limite de lotação, e mesmo sem começar, você não tem o direito de entrar se não tiver mais lugar, fui atrás de outra Igreja. No centro também. Afinal, andar naquela neve alguns quilômetros é só para os fortes.

Centro de Reykjavik

Catedral de Reykjavik

 

Nas redondezas, um deserto. Quase ninguém pelas ruas, e quando se encontra alguém, turista. Quase 22h, a fome já batendo forte e é hora de procurar um bom restaurante. Minha primeira opção era o Reykjavik Restaurant, que leva o nome da capital e onde eu esperava experimentar a cozinha tradicional islandesa: Hákarl, a carne fermentada de tubarão, ou Hvalur, tradicional carne de baleia. Infelizmente, não tive sorte. O Hákarl seria especial para mim pois é a comida de séculos de tradição para eles. Por ser um país isolado e além disso, com temperaturas que não auxiliam em nada o cultivo de legumes, verduras e alguns tipos de animais, comidinhas exóticas por muitos anos foi questão de sobrevivência.

Estufa para produção de legumes e verduras que encontrei pelo caminho do Blue Lagoon

Dai, surgiu este prato típico que nada mais é do que a carne apodrecida do tubarão. Como carne de tubarão não dá para comer « fresca”devido à concentração de amônia e ácidos, a carne fica em estufas de secagem à céu aberto por cerca de três meses. Depois, é servida como nossos conhecidos frios, coitadinha. Se eu teria a coragem de realmente comer e o gosto, serão para mim um mistério até quem saiba eu voltar lá e conseguir provar a iguaria.

Foto: Islândia Brasil

Carne de Tubarão – prato típico islandês.

Reykjavik Restaurant

 

Minha segunda opção era o Sjávargrillid para comer frutos do mar. Pela avaliações Tripavisor, seria excelente, mas… Fechado. Assim como diversos outros do gênero e que eu consegui ir apenas no dia seguinte. O que foi marcante neste estabelecimento, assim como em todos da Islândia que eu pude ir, é a cordialidade da recepção, ambiente sempre caloroso, acolhedor e nunca apenas só com o ambiente de consumo com mesas e cadeiras. Há sempre espaço para um bom bate-papo ao bar, jogos ou espaço para leitura, além de espaços externos, que é bem comum. Mas vamos e convenhamos que nessa época do ano não é muito atrativo o lado de fora.

Foto: TripAdvisor

Minha segunda opção da noite

Foto: TripAdvisor

Sjávargrillid Seafood, Reykjavik.

 

Espaço externo nada atrativo para a estação

 

Após rodar muito em pequenos fastfoods, que não me agradaram pela sua convencionalidade (afinal é Natal oras) e outros pequenos restaurantes asiáticos (que apesar do bom peixe, não tem nada a ver com o lugar) fui me deparar com um aconchegante local, que já havia passado na frente outras vezes mas não dei muita bola: o Café Babalu.

Foto: TripAdvisor (a minha tinha muita neve)

Café Babalu, Reykjavik

Eu e minha ceia de Natal

 

O Café Babalu, pelo seu exterior não tem nada de mais, cardápio simples e diferente dos outros que havia passado e que citei como opções para minha ceia de Natal, tinha uma pitada diferente. O que era? A colhida dele. Como era um dos únicos cafés/restaurantes na região bem central (fora o indiano, o fast-food e os asiáticos) e que era tipicamente da região, apesar de não servir a culinária típica da Islândia, mas parecia ser bom.

Por que afirmo que parecia ser bom? 1) lotação, pela quantidade de gente deve ser bom (se bem que não é ponto de referecia se a procura estava maior que a oferta); 2) ambiente agradável e organizado; e 3) cardápio, comida vegetariana, sopas, doces e outros quitutes sem glutém e por aí vai.

Foto: TripAdvisor

Interior do Café Babalu.

Foto: TripAdvisor

Estante de Chás à disposição.

Foto: TripAdvisor

Cantinho aconchegante com livros e sofás. Minha mesa era essa do abajur.

Detalhes do local

 

O que me deixou de boca aberta, além do ambiente super descontraído com bilhetes, livros, sofás como casa de vó e jogos espalhados pela casa. A organização que vejo em poucos estabelecimentos quando o bicho pega, ou seja, quando a casa lota. Nestes casos sempre temos o risco de ter má organização na cozinha, confusão com pratos ou pedidos específicos, comida requentada, problemas na hora do pagamento com filas ou a demora para a conta, clientes indo embora e por ai vai. Mas não, por incrível que pareça. Aguardei alguns minutos por uma mesa livre no primeiro andar, deixei minhas coisas por ali (afinal estamos na Islândia né?!), e desci para fazer o pedido. Sim. A organização deles virou como fast-food para dar conta da demanda e de uma forma rápida e super eficaz. Se eles continuassem tirando o pedido nas mesas, ninguém daria mais conta, além do espaço para circulação ser pequeno. Então eles solicitavam para que pedidos fossem feito no balcão, os clientes já pagavam e o seu pedido ia na mesa com o seu nome. Prático e simples não?! E acima de tudo, sem risco de ninguém sair sem pagar, se pedidos demorarem para ser feito, de acontecer injustiças de atender uma mesa que chegou depois de outra, e assim vai. Chegando o meu prato também me surpreendi. Delícia de lasanha vegetariana e seus complementos!

Para finalizar, tenho que lembrar que:

  1. Quando seu restaurante tiver uma grande demanda e você achar que não consegue dar conta com seu serviço habitual, organize de forma que as duas partes sejam organizadas e satisfeitas, cliente e garçons. Além do mais, com essa organização a equipe da cozinha também agradece.
  2. Lembre-se de fazer sua reserva com antecederia se for passar as festas de final de ano por lá 😉 Fica a dica.

Abraços, um excelente Natal a todos e até a próxima!

 

Fotos: Arquivo pessoal, Tripadvisor, e Brasil Islândia.

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