Liderança feminina: O que aprendemos com La Casa de Papel?

by Juliana Cândido Custodio

O que “La Casa de Papel” tem a nos contar sobre liderança feminina e estratégia?

É isso que trago para discutir com você aqui neste post.

É fácil falar das coisas boas. É fácil criticar ou dizer que é realimente bom.

Mas, agora vou confessar uma questão que me incomoda profundamente em “La Casa de Papel”, série da Netflix: o patriarcado criado, assumido e que mostra as grandes fragilidades de uma liderança feminina.

Você já percebeu que todas as vezes que uma mulher está no comando de algo ela é questionada, desrespeitada ou mesmo submissa a uma situação em que os homens criam em torno dela na série?

A cena mais forte em torno disso é quando Naioribi perde a cabeça e o sangue frio para dar lugar às suas emoções e declarar expressamente a falta de controle que possui sobre aquela situação com os reféns e novamente o antigo líder, Berlin reassume normalmente o comando.

Se pra você isso é extremamente normal. Pare de ler esse post para não passar raiva (rs). Mas isso acontece em todos os meios organizacionais mais hostis e competitivos. Vejo isso até em situações de empresas de donas onde há outras pessoas que possuem vozes (masculinas) mais fortes, mais respeitadas e mais acreditadas que elas, se elas não tiverem uma postura extremamente firme para dizer não!

E o que se deve fixar aqui é a parte do extremamente firme. Não é apenas falar. Não é apenas propor. Não é apenas ser boa o suficiente para o cargo e para a situação.

A mulher deve se impor. Não há espaço para inteligência e perspicácia meiga. Não há espaço para habilidade técnica e reacional sem o lado extremamente racional aflorado.

Existem sim mulheres no comando. Mas já percebeu que são raras aquelas no extremo comando? Não digo só em posição, hierarquia. Digo em liderança de verdade. É vice. É diretora, gerente. É segunda opinião. Mas estar no topo é extremamente raro.

Participei recentemente do maior programa de aceleração do Brasil, o Inovativa Brasil, da Fundação Certi e do Ministério da Economia. Me assustei com o baixíssimo número de mulheres participantes. É mais difícil ser empreendedorA. É mais difícil ser chefA (desculpe a ortografia mas é proposital para frizar a necessidade da presença de liderança feminina).

Mas por quê?

Por quê o emocional e o carismático enfraquecem a percepção de poder. Poder ainda é concedido e percebido por questões de firmeza e força. Não apenas de conhecimento, de técnica ou habilidade. É reconhecido por pulso firme. Por frieza. Por autoridade.

Já viram vendedores que vendem até vento, e bons produtos que não se vendem? É disso que estou falando. É postura. É convencimento de poder.

Vamos fazer um exercício? Pense nas mulheres de altos cargos, mulheres empreendedoras ou referências de liderança feminina que você conhece. O que elas tem em comum? Características e posturas masculinas muito afloradas. Não digo de características físicas. Digo de comportamentos. De postura. De estilo relacional. Firmeza e não leveza.

Vamos comparar: 

Nairobi, Raquel e Alicia.

Tóquio não será coloca neste conjunto de líderes por questões óbvias de impulsividade e instabilidade que tem. Não que um perfil desses não possa ser líder. Mas o caminho é mais duro, mais difícil (de manter) e muito mais perigoso (para quem segue).

Dois desses perfis, Nairobi e Raquel já analisei por aqui. Agora vamos analisar Alicia. O que ela tem de incomum das outras duas e por que ela se sobressai a elas?

Não sabemos do final da saga ainda. Mas uma coisa é certa. Percebe que ela tem características mais masculinizadas de comportamento que as outras duas?

É disso que estou falando. Não é questão de sexo. É questão de personalidade. Mas que não precisava ser retratado dessa forma tão evidente não precisava né? Garanto que incomodou feministas e mulheres que lutam todos os dias por seu espaço 😉

Então o que fazer?

A resposta é: não adianta mudar. Não adianta querer ser outra pessoa. Não adianta desenvolver outras características. Sei que falei de todos esses pontos. Mas quando se trabalha em uma postura de líder tentando desenvolver outras características que não são natas suas, você perde a sua essência. E isso ninguém quer.

O que recomendo são três pontos. Pontos que sempre aprendi com a minha mãe e uso no meu dia-a-dia.

1. Fale firme

2. Não dependa de ninguém (para nada) e

3. Fale de igual para igual. Mas se quer ser reconhecida por um homem, prove e evidencie que é melhor que ele.

Mulheres tem o dom de falar manso, impor ideias pela inteligência (não que homens não façam), mas usamos um tom mais meigo. Esse tom meigo deve ser substituído por um tom firme. Não digo alto. Não digo vulgar. Mas sabe aquela segurança na voz que um bom orador tem? É isso que a mulher líder deve ter!

Mulheres tem em sua natureza a dependência (relacional) muito mais desenvolvida que os homens. Ter consciência que temos que ser autossuficientes para termos sucesso é fundamental. Sabemos que isso não é verdade absoluta. Mas a partir do momento que assumimos isso para nós, fica mais fácil bater no peito e fazer tudo acontecer porque nós temos o poder para isso.

E, por fim, mulheres tem também em sua natureza e herança histórica a submissão aos homens. Submissão a pessoas que achamos que são ou podem ser melhores que nós. Enquanto a mulher não perde isso e se vê acima de tudo como melhor que os todos os outros aos seu redor, ela não consegue transparecer confiança e o poder masculino em suas relações. Mas vamos e convenhamos, por favor, assuma que você é boa pra c****** para você. Vamos poupar o mundo de vaidades desnecessárias como vemos todos os dias exalando nas redes sociais e deixando tudo por aí mais supérfluo. Uma coisa é você saber e se assumir boa. E ter essa postura. Outra é fazer os outros ficarem sabendo. Aí vale a máxima que penso: se alguém precisa ficar se afirmando por palavras, fotos e provas sociais que ela é isso ou aquilo, é porque ela precisa do reconhecimento para realmente ser algo, que na verdade ainda não o é 😉

Não acha também? Poste seu comentário!

Pense nisso e vamos fazer um mundo com mais lideranças femininas, mas sem perder nossa essência!

Abraços e até a próxima!

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